terça-feira, 11 de setembro de 2012

Teólogo Leonardo Boff recebe título de Dr. Honoris Causa da UFRRJ

Na tarde de ontem (10), a UFRRJ recebeu, no prédio principal do campus Seropédica, o professor, teólogo e filósofo Leonardo Boff, que recebeu o título de Doutor Honoris Causa. Compuseram a mesa do Auditório Gustavo Dutra o reitor, Ricardo Motta Miranda, a vice-reitora, Ana Dantas, e os pró-reitores de Assuntos Financeiros, Assuntos Administrativos, Assuntos Estudantis, Graduação e Extensão. Já os membros do Conselho Universitário (ConsU) diretores de institutos, do CTUR e do CAIC, ocuparam a primeira fileira do auditório Gustavo Dutra, como uma extensão da mesa.
Reitor entrega medalha do centenário e certificado a Boff
O reitor fez a abertura da sessão solene do ConsU para entrega do título e destacou que o mesmo é entregue merecidamente a Leonardo Boff em razão de sua atuação a favor dos direitos humanos, do meio ambiente, da cultura, ética e educação. Posteriormente, o professor foi homenageado com a leitura de um depoimento de Frei Betto, frei dominicano que compartilha da Teologia da Libertação defendida por Boff e também milita pelos Direitos Humanos.
Leonardo Boff recebeu, na cerimônia, uma medalha de prata e um certificado que comprova seu título. O reitor, ao fazer a entrega, expressou sua admiração, dizendo que esse é um dos títulos que ele mais se sentiu honrado em entregar, e que se tratava de um momento especial em sua vida pessoal e também como reitor da universidade.
Palestra de Boff
Boff se disse pequeno diante de tantos universitários, mestres e doutores, pois se considera um “homem das generalidades” por ter cursado Teologia e Filosofia.  Ele defendeu, desde o início ao final da palestra, que devemos estar engajados na luta pela humanidade e pelo meio ambiente. Contou que participou da confecção da Carta da Terra (documento idealizado pela ONU em 1987, que pode ser conferido no link: http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/text.html), com Paulo Freire, reunindo valores e princípios que devem reger a humanidade.
Falou também da Teologia da Libertação, da qual é um dos idealizadores. A Teologia da Libertação surgiu, entre os anos 60 e 80, em prol dos oprimidos e marginalizados. Alguns de seus defensores foram torturados e silenciados na América Latina enquanto lutavam contra a pobreza.  Leonardo Boff, no entanto, percebeu que não somente os pobres e oprimidos pedem socorro no mundo, mas também flora e fauna.  Essa ideia apareceu em seu livro “Ecologia: Grito da Terra, Grito dos Pobres”, que lhe deu, em 2001, o Prêmio Nobel Alternativo da Paz. “A Terra não precisa de nós, ela pode ficar sem nós, e até melhor. Mas nós precisamos dela”.
Boff ainda apresentou dados sobre a opressão cibernética que vários países já sofreram e sofrem, e também outros problemas que mais assolam a humanidade, como a fome e o aquecimento global, fenômeno que, caracterizado negativamente como é hoje, ele chama de “efeitos extremos”. “Eu quero que vocês saiam daqui angustiados”, ele disse, completando que queria levar os ouvintes à inquietude e ação. Ao mesmo tempo, devemos também preservar o que já foi conquistado, como os avanços na medicina.
Boff contou também sobre sua experiência na Cúpula dos Povos e na conferência Rio +20. Segundo ele, enquanto na Rio +20 falava-se basicamente de economia, na Cúpula dos Povos acontecia o compartilhamento de experiências, onde se destacaram grupos de indígenas, que segundo Boff são os que têm a afinidade com a terra, e grupos de mulheres, que têm afinidade com a vida.
Ele ainda elencou quatro princípios fundamentais para a vida: cuidado; sustentabilidade, garantindo as condições para que tudo possa viver e evoluir; cooperação, que é o falta nas convenções entre os países; e solidariedade, compartilhando conforme a humanidade fazia entre os povos pré-romanos.
E também quatro Virtudes da globalização: Hospitalidade; convivência; tolerância às diferenças; e comensalidade, o direito a alimentação suficiente e decente a todos os seres. Boff disse que sabe como é difícil gerar essas mudanças em larga escala, porém não impossível: “Eu não posso mudar o mundo, mas posso mudar esse pedaço de mundo que sou eu mesmo.”
Por fim,  em relação a todo esse panorama de dificuldades e soluções, Leonardo Boff acha que estamos diante de dois cenários: uma possível extinção dos humanos, que ele mesmo não acredita porque o instinto de vida é maior do que o instinto de morte. Ou uma crise de civilização, que vamos superar aprendendo, passando por sofrimento e gerando amor. Durante a cerimônia também foi feito lançamento de dois livros, “O cuidado necessário” e “As 4 Ecologias”, após a palestra Boff autografou os exemplares dos presentes.

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