Por Phelype
Gonçalves
No último dia 16 (terça-feira), o auditório do
Instituto Multidisciplinar (IM), campus
Nova Iguaçu da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), sediou o
evento “Baixada em Debate — Políticas
Públicas e Processos de Desenvolvimento: Agricultura Familiar em Faixas de
Dutos e Agroecologia na Baixada”.
Organizado pela professora Betty Rocha,
doutora em Ciências Sociais em desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela
UFRRJ, apoiado pelo curso de graduação em economia do IM, o debate abriu espaço
para o diálogo sobre agricultura, a agroecologia, o crescimento urbano e as
novas políticas organizacionais de pessoas moradoras de áreas rurais.
Para discorrer sobre o assunto, os convidados que
palestraram foram: Paulo Augusto André Balthazar, consultor da Petrobras no
Programa de Agricultura Familiar em Faixas de Dutos; Alzeni Fausto, presidente
da Cooperativa de Agricultores Familiares de Produtos Orgânicos — Univerde; Márcio de Mendonça,
coordenador do Programa de Agricultura Urbana e do Projeto “Semeando
Agroecologia” da associação Agricultura Familiar
e Agroecologia (AS-PTA); e, por fim, Mário Marques, Secretário Municipal de
Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Turismo (SEMDAT) de Nova Iguaçu.
Logo de início, a professora Betty contextualizou
a história da Baixada Fluminense, desde o século XVII ao XXI, passando pela
historiografia do café e da laranja, até chegar no início da urbanização na
região. A discente discorreu sobre as novas territorializações e como as
famílias do campo se organizam nesses novos modelos de vida: morar no campo e
trabalhar na cidade. E, por último, abordou as raízes históricas da Baixada,
fazendo um panorama de mudanças das configurações políticas e identitárias dos
moradores rurais, relacionando-os com a vida na cidade.
Mendonça, em destaque, fala da AS-PTA |
- Reconhecer os territórios rurais existentes;
- Construir políticas públicas para a agricultura familiar e para a urbana;
- Encontrar espaço e garantir orçamentos para a atividade agrícola.
Aproveitando o assunto, Mário Marques, atual
secretário da SEMDAT de Nova Iguaçu, prometeu apoiar os agricultores e
incentivou novas práticas educacionais que tivessem foco no trabalho e na
educação rural da população.
— Não depende mais de mim. Depende das pessoas que querem colocar suas barracas lá na Feira da Roça — disse Marques citando o comércio de produtos agroecológicos que são vendidos por feirantes na Praça Rui Barbosa, no centro de Nova Iguaçu. — Há espaço para essa feira aumentar. Estou disponível para quem quiser fazer a Feira da Roça em outros lugares. Além disso, acho que devia haver uma consciência desde a escola que ensinasse e fizesse as pessoas aproveitarem seus pedaços de terra. Acho que todos deveriam ter uma horta em casa. Eu tive uma e tirava de lá tudo o que eu precisava. Plantava de tudo.
Mães
da natureza
Fundada em 2005, a Cooperativa de Agricultores
Familiares de Produtos Orgânicos — Univerde é uma associação de indivíduos que
plantam e vendem produtos agrícolas, principalmente hortaliças.
A associação, que começou há oito anos, e tem
parceria com a Petrobras, viu, em 2006, a necessidade de capacitar os seus
membros. Em 2007, começou a comercializar tudo o que produziam e, em 2008, se
organizaram, de fato, em cooperativa, para fortalecer parcerias e dar sequência
no crescimento do projeto.
Com predominância das mulheres e com uma delas na
presidência, os integrantes e trabalhadores da Univerde são moradores urbanos
que acreditam no resgate às práticas agrícolas.
Alzeni à esquerda acompanhada de Márcio de Mendoça e Mário Marques |
— O objetivo da Univerde é a preservação ambiental
e gerar renda para as pessoas que estavam ou estão em condições precárias.
Aliás, o agricultor luta, luta, luta, mas não tem uma logística, uma
capacitação, uma organização e leis que incentivem o trabalho dele e que o
valorize — desabafa Alzeni.
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