sexta-feira, 19 de abril de 2013

Plantar, regar e colher mudanças


Por Phelype Gonçalves

No último dia 16 (terça-feira), o auditório do Instituto Multidisciplinar (IM), campus Nova Iguaçu da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), sediou o evento “Baixada em Debate Políticas Públicas e Processos de Desenvolvimento: Agricultura Familiar em Faixas de Dutos e Agroecologia na Baixada”.

Organizado pela professora Betty Rocha, doutora em Ciências Sociais em desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela UFRRJ, apoiado pelo curso de graduação em economia do IM, o debate abriu espaço para o diálogo sobre agricultura, a agroecologia, o crescimento urbano e as novas políticas organizacionais de pessoas moradoras de áreas rurais.

Para discorrer sobre o assunto, os convidados que palestraram foram: Paulo Augusto André Balthazar, consultor da Petrobras no Programa de Agricultura Familiar em Faixas de Dutos; Alzeni Fausto, presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares de Produtos Orgânicos Univerde; Márcio de Mendonça, coordenador do Programa de Agricultura Urbana e do Projeto “Semeando Agroecologia”  da associação Agricultura Familiar e Agroecologia (AS-PTA); e, por fim, Mário Marques, Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Turismo (SEMDAT) de Nova Iguaçu.

Logo de início, a professora Betty contextualizou a história da Baixada Fluminense, desde o século XVII ao XXI, passando pela historiografia do café e da laranja, até chegar no início da urbanização na região. A discente discorreu sobre as novas territorializações e como as famílias do campo se organizam nesses novos modelos de vida: morar no campo e trabalhar na cidade. E, por último, abordou as raízes históricas da Baixada, fazendo um panorama de mudanças das configurações políticas e identitárias dos moradores rurais, relacionando-os com a vida na cidade.

Mendonça, em destaque, fala da AS-PTA
Comemorando os 30 anos das AS-PTA, Márcio de Mendonça contou rapidamente o surgimento e a evolução da associação, abordou o fato de agricultura na região metropolitana do Rio de Janeiro não ter o seu devido espaço, de não ser valorizada e visível à população e fundamentou em dados para alicerçar sua apresentação. Mendonça deixou, ainda, proposições importantes para mudar essa ótica contemporânea sobre a agricultura:

  • Reconhecer os territórios rurais existentes;
  • Construir políticas públicas para a agricultura familiar e para a urbana;
  • Encontrar espaço e garantir orçamentos para a atividade agrícola.

Aproveitando o assunto, Mário Marques, atual secretário da SEMDAT de Nova Iguaçu, prometeu apoiar os agricultores e incentivou novas práticas educacionais que tivessem foco no trabalho e na educação rural da população.

— Não depende mais de mim. Depende das pessoas que querem colocar suas barracas lá na Feira da Roça — disse Marques citando o comércio de produtos agroecológicos que são vendidos por feirantes na Praça Rui Barbosa, no centro de Nova Iguaçu. — Há espaço para essa feira aumentar. Estou disponível para quem quiser fazer a Feira da Roça em outros lugares. Além disso, acho que devia haver uma consciência desde a escola que ensinasse e fizesse as pessoas aproveitarem seus pedaços de terra. Acho que todos deveriam ter uma horta em casa. Eu tive uma e tirava de lá tudo o que eu precisava. Plantava de tudo.

Mães da natureza

Fundada em 2005, a Cooperativa de Agricultores Familiares de Produtos Orgânicos — Univerde é uma associação de indivíduos que plantam e vendem produtos agrícolas, principalmente hortaliças.

A associação, que começou há oito anos, e tem parceria com a Petrobras, viu, em 2006, a necessidade de capacitar os seus membros. Em 2007, começou a comercializar tudo o que produziam e, em 2008, se organizaram, de fato, em cooperativa, para fortalecer parcerias e dar sequência no crescimento do projeto.

Com predominância das mulheres e com uma delas na presidência, os integrantes e trabalhadores da Univerde são moradores urbanos que acreditam no resgate às práticas agrícolas.

Alzeni à esquerda acompanhada de Márcio de Mendoça e Mário Marques
Alzeni Fausto, presidente da Cooperativa, explicou no “Baixada em Debate” porque começaram essa ideia e reivindicou melhorias e incentivo para os agricultores.

— O objetivo da Univerde é a preservação ambiental e gerar renda para as pessoas que estavam ou estão em condições precárias. Aliás, o agricultor luta, luta, luta, mas não tem uma logística, uma capacitação, uma organização e leis que incentivem o trabalho dele e que o valorize — desabafa Alzeni.

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