terça-feira, 13 de março de 2012

Reitor da UNB fala à comunidade da UFRRJ em aula inaugural

A primeira semana de recepção de calouros contou com a presença do reitor da Universidade Federal de Brasília, José Geraldo de Sousa Junior, que esteve na aula inaugural noturna no dia 05 de março. Durante apresentação José Geraldo fez uma palestra na qual expôs sobre a história, os conceitos e a missão das Universidades, especialmente as brasileiras.
José Geraldo inicia sua palestra agradecendo o convite da Universidade e desejando também as boas-vindas aos novos alunos e veteranos que iniciaram uma nova etapa da vida, a da educação superior. “Eu queria dizer que vocês vivem uma oportunidade muito rara, a de vivenciar experiências semelhantes de gerações diferentes. As gerações viveram diferentes conjunturas de participações neste processo que é a formação do ensino superior brasileiro. Há algum tempo a luta era para preservar a universidade pública brasileira, em um tempo no qual  o sistema orientava para a construção de um modelo de financiamento privado para universitários, as opções políticas eram as de atribuir à iniciativa privada a função de estruturar o ensino superior no país. E isso não faz muito tempo”. José Geraldo inicia então uma breve retomada histórica do ensino e das reivindicações em prol da Universidade pública, utilizando de exemplo um vídeo apresentado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) durante a apresentação dos seus integrantes durante a aula inaugural. “Há momentos em que alunos e professores assumem uma postura heróica, conforme vocês viram nos vídeos que foram apresentados, que demarcam as lutas políticas de um tempo em que se reivindicava para o país uma educação democrática e do mesmo jeito uma base educacional. É uma luta pelo ensino público, gratuito e de qualidade”, destaca.
O Reitor da UNB aponta então para o crescimento pelo qual o ensino superior vem passando atualmente. “Há muitos anos essa política de democratização era difícil de realizar, porque a política pública oferecia a educação como um bem privado e não como um bem público. Colocavam a educação como uma mercadoria disponível no mercado para quem pudesse pagar mais, o que mobilizou reitores, estudantes, professores a acompanhar a transição de uma política pública que resultou neste momento que nós estamos vivendo de retomada de um processo de expansão e de reestruturação das universidades públicas brasileiras. Hoje, por exemplo, andando com professor Ricardo (Reitor da UFRRJ), visitei diversos espaços do campus Seropédica e pude perceber os investimentos públicos que vem sendo realizados nesta infra-estrutura e que envolve grandes recursos financeiros e recursos econômicos. As expansões tem esse lado de estrutura,  que é  construir novos prédios, oferecer novas vagas e o resultado disso é que a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro dobrou de tamanho nos últimos anos e isso explica uma outra perspectiva que é a de sua reestruturação. Não basta expandir, é preciso também que as Universidades se reorganizem para que elas possam usufruir dos investimentos feitos, para responder as expectativas das metas sociais que precederam  esta expansão e dos objetivos solidários, que estão numa perspectiva de envolvimento internacional, ou de pressupostos de realização de expectativas de cidadania.” E a partir de então José Gerado inicia uma série de discussões, com retrospectivas conceituais históricas sobre o papel da Universidade. Para que se destina esta instituição? E baseado nos ensinamentos de Darcy Ribeiro, um dos fundadores da UNB, o Reitor desta instituição expõe também alguns dos princípios adotados enquanto administrador de uma Instituição de Ensino Superior brasileira. Dentre as medidas adotadas pela Universidade de Brasília colocada como exemplo pelo Reitor está o Princípio do Orçamento participativo, pelo qual todas as demandas são politizáveis.
O reitor da UNB destacou a sociedade de consumo e a sensação de que hoje “está tudo dado”, pela facilidade com que as coisas tendem a ser obtidas, e como contraponto ressaltou que tudo é um processo de construção, especialmente a educação superior. “Nós não fazemos o conhecimento para o delírio de nossa expressão de intelectualidade. Nós fazemos o conhecimento porque nós temos a expectativa de poder agir no mundo. Acho que este é o principal desafio para todos nós e é o grande desafio que hoje as universidades, sobretudo as públicas, porque elas são responsáveis pela resposta política que a Instituição escreveu, porque a educação é um bem público, é um bem social, é um bem fora de mercado, a não ser mercado simbólico. É um bem que representa o cumprir os valores da constituição que prevêm um formato de sociedade sem discriminações, sem hierarquias em que o princípio econômico da riqueza obedeça a lógica da constituição e não a lógica da acumulação consumista. Então eu acho que este é um desafio que está colocado para nós e pelo que eu tenho visto aqui na Rural estão cumprindo este papel”, expõe.
José Geraldo de Sousa Júnior
José Geraldo foi eleito reitor da UNB em 2008, mas atua naquela instituição desde 1985, quando ingressou como professor daquela instituição. Doutor em Direito, Estado e Constituição é um dos autores do projeto Direito Achado na Rua, grupo de pesquisa registrado no CNPq com mais de 45 pesquisadores envolvidos e conhecido pelas pesquisas com temas relacionados aos direitos humanos e cidadania.


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