Por Samara Costa
Abordando assuntos polêmicos o “Seminário Constituição de
Sujeitos: Valores Religiosos e Moralidades” foi realizado ontem (30) no
Auditório Paulo Freire no ICHS. O evento discutiu temas como o aborto, adoção,
bullying, homossexualidade e religião.
Professoras debatem homosexualidade durante o seminário |
O seminário foi dividido em duas partes. De manhã, contou
com a presença de Rachel Aisengart (UFRJ), Carlos Abraão (UFRJ), Edlaine de
Campos (Unirio), Naara Luna (UFRRJ) e Fábio Henrique Lopes (UFRRJ) abordando assuntos
relacionados ao tema: “Direito à vida e Constituição de Sujeitos: questões
sobre aborto, eutanásia e células-tronco”.
À tarde o debate foi sobre “Valores religiosos, moralidades e família”
com a participação de Maria das Dores Campos (UFRJ), Carly Machado (UFRRJ),
Alessandra Rinaldi (UFRRJ), Diana Lima (Uerj) e Luciane Moás (UFRRJ).
Debates
A pesquisadora Maria das Dores Campos apresentou sobre religião
e homossexualidade. Segundo ela a sociedade vive presa a certos limites
impostos. “A decisão judicial fortalece o momento social e obriga os grupos
sociais a viverem nessa situação, como é o caso do casamento entre gays. O
estado pode dizer se os homossexuais podem se casar ou não”. Para Maria das
Dores essa situação pode ter uma solução. “Deve ser feito um debate público
para criar outras vozes e opiniões sobre este caso. Discutir a homossexualidade
abertamente por diversos pontos de vista, não somente o da igreja”, esclarece
ela.
O bullying também foi
discutido durante o evento. A pesquisadora Carly Machado relembrou alguns
eventos como o Massacre de Columbine, em 1999, nos Estados Unidos e o Massacrede Realengo,em 2011, no Brasil. De acordo com Carly o bullying
não é discutido como deveria ser. “Sempre é falado que os massacres acontecem em lugares aglomerados. Mas, por que acontece
em escolas, sendo que há outros lugares com mais massas? O bullying não é problematizado como questão
educacional e sim patológica do assassino”, explica Carly.
A questão sobre novos arranjos familiares e adoção foi
analisada pela professora de Antropologia da UFRRJ, Alessandra Rinaldi.
Segundo ela, a adoção de crianças ainda é excludente. As crianças menos
adotadas são maiores de 5 anos, grupos de irmãos, negras e deficientes. A questão da adoção por homossexuais também
foi discutida. Segundo Alessandra “ser gay e querer adotar no Rio de Janeiro é
mais fácil”.
Apesar da greve os professores e alunos lotaram o auditório
Paulo Freire até o final do seminário. A estudante Thais Peixoto, foi uma
delas. “Foi muito bom o seminário. Me interessei por tudo. Os temas foram
polêmicos e instigantes. Questionaram sobre valores difíceis de falar”, explica a
aluna do primeiro período de Direito do campus de Nova Iguaçu, mas já formada
em pedagogia pela UERJ. Para ela o bullying é um assunto delicado e que deve
ser bem analisado. “A escola tem um papel opressor, impõe muitas coisas. Sendo
assim o professor têm uma responsabilidade enorme e deve lidar com os problemas
dos alunos a fim de solucionar”, esclarece a jovem.