Rural recorda a história da Universidade em Seminário

Por Kleber Costa

Ana Dantas destaca a importância que tem a Rural para comunidade

Às 9h desta terça-feira, no Salão Azul, aconteceu a abertura do I Seminário Memória, Patrimônio e Cultura da UFRRJ. O evento faz parte da programação da 10ª Semana Nacional de Museus. Estavam presentes na cerimônia a Vice-Reitora, Ana Maria Dantas Soares; a Coordenadora Administrativa do Centro de Memória, Kate Hellen de Sousa Batista; a Coordenadora Administrativa do Centro de Arte e Cultura (CAC), Célia Cristina Barbosa; e a Secretária de Cultura de Seropédica, Nádia Alvarez.

Após a execução do Hino Nacional Brasileiro, a Vice-Reitora destacou a importância deste evento para a História da UFRRJ e recordou o trabalho desenvolvido por um fotógrafo recentemente:

“Nos últimos meses saíram nas redes sociais, algumas fotos fantásticas sobre a Universidade, e os comentários feitos pelas pessoas, mostram a importância da Rural para elas, mostra o quanto a Universidade faz parte da história de cada um. Eu vi comentários do tipo: ‘um pedaço da minha história’ ou ‘ é um pouco da minha vida’, isso é interessantíssimo.” Ela encerra agradecendo o grande empenho da comissão organizadora do evento e por todos os responsáveis pelo resgate da memória e da trajetória da UFRRJ.

Na sequência, Nádia Alvarez falou sobre a parceria entre a Rural e a cidade de Seropédica. Segundo ela, esse evento estreita ainda mais as relações entre o Município e a Universidade. Em seguida, Kate Hellen de Sousa e Célia Cristina Barbosa destacaram a primeira união entre o Centro de Memória e o CAC para a realização de um evento.

Voltando ao passado centenário da Universidade Rural

Pesquisadoras discorreram sobre a História da Universidade

A primeira mesa-redonda do Seminário teve como tema “A História da UFRRJ: As pesquisas do GEPHUR (Grupo de Estudos e Pesquisas da História da Universidade Rural)”. Compuseram a mesa as pesquisadoras Célia Regina Otranto, Ana Lúcia da Costa Silveira, Aline Nunes Ferreirinha e Gabriela Queiroz de Alcântara, que abordaram fatos importantes da Universidade.

Em 1910, teve origem a Escola Superior de Agronomia e Medicina Veterinária (ESAMV), primeira escola de ensino superior de agronomia. Segundo as pesquisadoras o decreto de criação estabelecia detalhes como o valor do salário dos professores e os utensílios e materiais que cada laboratório deveria ter. Na ESAMV estudaram as autoridades que formariam o quadro de funcionários do recém-criado ministério da agricultura. O decreto definia ainda que a ESAMV se instituísse na Fazenda Santa Cruz (o que hoje é Itaguaí, Campo Grande, Santa Cruz e proximidades), mas os prédios ali existentes estavam sem condições de abrigar a ESAMV. Com isso, a escola se instalou em 1913 no palácio Duque de Saxe, onde está o CEFET Maracanã atualmente.

Dois anos depois, a escola passou por uma fase muito difícil diz as pesquisadoras. Segundo elas, a escola foi fechada por falta de verbas e apenas o diretor se manteve no cargo para que não ocorresse a extinção da ESAMV.

Em 1916, a ESAMV se funde à Escola Agrícola da Bahia e à Escola Média Teórico-prática em Pinheiro (atual município de Pinheiral). Foi neste ano que se formou a primeira turma de Engenheiros Agrônomos, com dois alunos, e, no ano seguinte, a primeira turma de Veterinários, com quatro alunos.

Uma nova transferência aconteceu em 1918, desta vez a ESAMV foi para o que hoje é o Horto Botânico do Estado do Rio de Janeiro, em Niterói. E em 1927, a escola mudou-se para a Praia Vermelha.

Em 1943, vem a mudança de nomenclatura, a ESAMV que já possuía também o curso de Química passa a se chamar “Universidade Rural”. No mesmo ano Getúlio Vargas decide criar às margens da Rodovia Rio-São Paulo uma sede fixa para a Universidade. O local era dominado pela malária e possuía solo ruim. Questionado, Getúlio disse que são nesses locais que uma Universidade deveria se instalar, visto que ela contribuía para a solução dos problemas na sociedade. A Universidade Rural se transfere para as novas instalações em 1948.

Após uma manifestação de estudantes e professores a Universidade passa a se chamar “Universidade Federal Rural do Brasil”, por ser referência nos estudos agrícolas. Em 1964, ocorre o golpe militar.

A pesquisa de Celia Regina foi tão profunda que a fez lançar dois livros que contam a história da Rural, são eles: “Uma viagem ao túnel do tempo: a ditadura vista de dentro da universidade” e “A autonomia universitária no Brasil: dadiva legal ou construção coletiva?”. Algumas de suas descobertas ela revelou no Seminário.

Segundo a pesquisadora, por Seropédica não possuir muitos recursos, e estar longe de tudo a Universidade se tornou a mais oposicionista ao novo regime, o que chamou a atenção de militares. O Reitor foi cassado e preso com alguns alunos em um paiol em Paracambi, eles ficaram lá durante 40 dias. Dois outros alunos foram levados encapuzados e jogados às margens de uma rodovia. Eles foram agredidos pelos militares. Célia foi atrás dos dois homens para descobrir mais sobre a história da Rural neste período, um é agrônomo em Roraima, o outro suicidou, pois não se conformava com a violência sofrida pelos militares.

Em 1967 a Universidade se vincula ao MEC e no ano seguinte é obrigada a se expandir para outras áreas do conhecimento, caso contrário seria fechada. A área de Humanas era o foco da expansão. Foi criado o Instituto de Educação que sofreu muitos preconceitos por estar inserido em uma Universidade predominantemente voltada para a área agrária. No mesmo ano, institui-se a atual nomenclatura “Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro”.

De 68 à 90 foram criados mais de 10 cursos, entre eles Geologia, Zootecnia, Economia, Física e Matemática.

Na década de 2000, novos campis foram criados expandindo de forma expressiva o número de vagas na UFRRJ. Nos últimos anos foram criados quase 20 novos cursos devido ao Reuni, programa do Governo Federal que amplia a oferta de vagas nas instituições federais de ensino superior.

A 10ª Semana Nacional de Museus na Rural vai até o dia 17 e a programação completa pode ser acessada no seguinte endereço: http://www.seminariomemoriaufrrj.blogspot.com.br